domingo, 22 de janeiro de 2017

Prémios César-Editorianos: Resultados

Os resultados dos Prémios César-Editorianos são hoje conhecidos, no momento em que qualquer deliberação extra se vê incapaz de contribuir com algo para a discussão. Os resultados são finais e o resultado (pedimos desculpa pela redundância mas por questões de celeridade fomos incapazes de encontrar uma outra forma de colocar a questão, de novo pedindo desculpa pela redobrada redundância, desta vez contudo mais facilmente evitável, dado que a palavra assunto, como vê, nos habita a mente) de reuniões sucessivas onde vários temas, opiniões e insultos foram lançados pelos quatro cantos da mesa. Quantas falácias foram dirigidas a outrem! Quantas amizades ruíram dogmaticamente quando uma categoria era discutida, tendo mais tarde sido reconstruídas no decorrer de um novo assunto. Como de costume, os objectivos da empresa que não são remunerados e que se atingem através de uma discussão calmamente planeada (em acta!) são aqueles onde a estrutura da César Editoras ameaça implodir e a Razão, pilar fundamental da acção César-Editoriana, é vulgarmente agredida às mãos de parvos que se embriagam ao mergulhar de cabeça no seu interminável fluxo de orgulho, não amparado pela vontade mas pela exaustão.

Ora, dado o contexto, tomemos conhecimento dos aguardados vencedores e as razões que lhes concederam esta admirável honra.


Prémio Mais Fascinante Calamidade: Premeia a mais tenebrosa calamidade aos olhos César-Editorianos.

Nomeados:
  • O Vírus Zika
  • Os Jogos Olímpicos de 2016
  • A eleição de Donald Trump
  • Crise dos Mísseis Norte Coreanos
  • Canonização de Madre Teresa de Calcutá
Vencedor: Canonização de Madre Teresa de Calcutá.
A colocação de Madre Teresa de Calcutá num patamar tão elevado de quase imaculação revela a desagradável opção da Igreja Católica em enveredar de novo pela ignorância, ao omitir claramente da sua deliberação as verdadeiras práticas realizadas pela Madre Teresa. Com efeito, muitas foram as ocasiões em que perguntámos a cidadãos portugueses católicos o que achavam do trabalho de Madre Teresa de Calcutá. Muitos não sabiam exactamente o que ela havia feito e essa parece ser a intenção do Vaticano, que se protege ao não promover factos, mas situações tão específicas e não representativas da realidade como o milagre necessário à canonização que levou a albanesa ao patamar de Santa, a cura de um tumor a uma mulher indiana através da colocação de um medalhão contendo a fotografia da milagreira, apesar de ter sido avançado pelo staff médico que o tratamento normal de um cancro o havia removido. Para qualquer católico, para o nível do seu raciocínio e da sua gnose, qualquer conquista cientifica deverá certamente poder apenas ser um milagre. Da mesma forma o relatório da cura foi prontamente confiscado pela organização criada pela santificada. Acresce a este obstáculo claro uma série de más práticas, como o baptismo de doentes às portas da morte sem o seu consentimento e de forma secretiva, a inexistência de cuidados hospitalares ou conhecimentos técnicos suficientes independentemente dos milhões de dólares que a sua organização de caridade recebia e, decorrente deste último ponto, a clara e flagrante promoção do culto do sofrimento. Para Madre Teresa, o sofrimento era uma forma de aproximação a Deus, pela semelhança na dor sentida por Cristo na Terra (" this terrible pain is only the kiss of Jesus — a sign that you have come so close to Jesus on the cross that he can kiss you "), e não poderia nunca deixar de ser visto como uma coisa boa. 
Como ninguém parece tomar conhecimento disto não compreendemos ainda. 


Prémio Excelência Musical: Premeia o mais brilhante músico de todos os tempos.

Nomeados: Todos os músicos existentes, vivos ou mortos.

Vencedor: Tom Waits
Estaremos quase correctos ao assumir que Tom Waits não se enquadra num género apenas, mas em vários e num muito específico, "Tom Waits". Qualquer tentativa de o imitar poderá ser a última cartada em qualquer carreira musical digna. Ao longo dos tempos Waits sempre manteve o seu caminho e, como disse, quando olhava para trás via pessoas segui-lo. A sua originalidade, a sua inovação gritante resultante do perfeccionismo associado aos sons que incessantemente buscava e tornava em instrumentalizações subtis e fabulosas, a sua genialidade na composição e mestria dos instrumentos, o facto de ter evitado cair em fórmulas como Bob Dylan ou Bruce Springsteen mantendo sempre a sua vontade no centro da criação, a ausência da necessidade de vender e lançar álbuns constantemente, em vez disso lançando ora um a cada sete anos, ora 4 no mesmo período (1999-2006, embora o Brawlers valha por três, o que faria 6 álbuns), a sua destreza teatral no cinema e no palco, a sua poesia diversa e evocativa e, por fim, a sua humildade enquanto pessoa e facilidade no trato de outras revelam que não há, nem nunca houve, ninguém tão conceituado como o único e singular Tom Waits. No entanto as pessoas cingem-se ao seu primeiro álbum e ao "One From The Heart" que, sendo fantásticos, não são suficientes para compreender tudo aquilo que o artista significa.


Prémio Mais Marcante Condenação: Premeia a sentença mais lustrosa do ano em questão. Têm-se em conta a importância do condenado e a dureza da pena.

Nomeados:
  • Hisséne Habré
  • Oscar Pistorius
  • Otto Warmbier
  • Radovan Karadzic
  • Reinhold Hanning
Vencedor: Hisséne Habré.
Num momento de plena comoção política em África (grave constante), em países como a Gâmbia e o Congo, nenhuma condenação parece mais relevante do que uma onde um homem-forte de um regime ditatorial do continente enfrenta os crimes que cometeu. 


Prémio Nobre Avanço Científico: Premeia a mais nobre causa, descoberta ou destreza técnica.

Nomeados:
  • O Radiotelescópio de Guangzhou
  • Gothard Base Tunnel
  • Ondas Gravitacionais
Vencedor: Ondas Gravitacionais
Na César Editoras conhecimentos de Física são geralmente nulos. No entanto conseguimos entender a importância desta descoberta e sobrelevá-la quando comparada às restantes. Nada mais interessante é do que conhecer aquilo que jaz para além do nosso planeta, pois nos recantos do cosmos encontram-se as mais fascinantes perguntas que o ser humano conseguirá alguma vez colocar, sobre si ou sobre aquilo que o ultrapassa. Como disse uma vez André Lazarra: "O Espaço é a coisa mais interessante do Universo". A causa é nobre e a descoberta abre uma nova e importante área de investigação.



Prémio Posição de Força: Premeia a inflexibilidade face a pressões exteriores injustas, na perseguição da manutenção da ordem e estabilidade política.

Nomeados:
  • Alexandr Lukashenko
  • Bashar Al-Assad
  • Kim Jong-Un
  • Viktor Orbán
  • Vladimir Putin
Vencedor: Vladimir Vladimirovich Putin
Poucos são aqueles que demonstram a sua força de forma tão distinta como Vladimir Putin. A sua acção, soberbamente unilateral, revelou-se sempre apenas motivo de palavreado e não de reacção. Ninguém ousa tocar em Putin e, num mundo crescentemente confuso onde a informação avança demasiado rápido, a sua figura de força e de acção parece tanto apelar aos ocidentais como aos povos de leste, que o vêm como um líder poderoso e capaz, duro mas justo. A sua influência mantém-se imperial dentro e fora do país, apesar de ser constantemente criticado e pressionado pela opinião pública. Embora a economia russa se tenha ressentido com as sanções que lhe foram impostas, a estabilidade da sua presidência parece pouco ou nada afectada. Aliás, com Trump na presidência dos EUA, é provável que estas sanções sejam aligeiradas, embora acreditemos que Trump não compreende ainda na totalidade o antagonismo natural existente entre o país que lidera e a Federação Russa. Não há homem que faça frente ao Deus russo! Não será Putin o homem mais poderoso do mundo?

Assim se completa a primeira edição dos Prémios César-Editorianos.
Não concorda com os galardoados? Está bem.

Que comece a labuta dos novos candidatos,


César Editoras

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