quinta-feira, 8 de junho de 2017

Julho - O Mês da Recuperação Económica

A questão à qual a César Editoras mais se esforça para negar resposta, aquela da qual mais se pretende distanciar, incide sobre os mecanismos que a permitem sobreviver financeiramente. Não é segredo que o lucro tem sido consistentemente inexistente, sendo que quando surge é irreversivelmente transformado num terrível investimento não planeado decorrente unicamente dos ditames das circunstâncias que, por sua vez, são o agregado das emoções mais disfuncionais e do grito mais alto. Assim funcionamos.
Contudo não queremos deixar ao leitor um total vazio de informação e hoje permitimo-lo espreitar, ainda que apenas um pouco, para os engenhos que ocasionalmente se revelam valerosos na procura do lucro. Estes engenhos variam consoante as necessidades e meios da Editora, por vezes produzindo resultados positivos e inesperados, por vezes o seu total contrário. Admitimos de quando em vez trazer ao presente com uma frequência punitiva instrumentos que outrora nos crucificaram sem misericórdia. Mas tais expedientes apenas constam das nossas práticas porque qualquer alternativa foi entretanto esgotada. A ilusão de uma tarefa em curso é necessária para dar algum sentido e conforto efémero aos nossos funcionários. Esta atitude quase sempre nos impede de perceber a situação corrente, um enorme buraco, o que nos faz escavar quase sempre um ainda maior.

Em Julho pretendemos, portanto, reestruturar, ainda que parcialmente apenas, as contas da empresa, tomando uma via moralmente dúbia mas possivelmente tremendamente eficaz.
Quando nos questionam sobre a escolha de Sede, em pleno e vibrante Campo de Ourique, respondemos com a coerência que os anos nos trouxeram ter sido na verdade o Beco a efectuar a escolha por nós ao exibir um estado de permanente degradação e abandono, criando desse modo o ambiente perfeito para a prática escondida das nossas variadas "facínorices". Seis anos e alguns outros meses passaram até à descoberta das vantagens da sua localização estratégica.
Campo de Ourique está, como afirma o estereótipo, repleto de senioridade, algo que aos nossos ouvidos soa a debilidade. Foi André Lazarra, industrioso e malévolo, nas suas divagações induzidas por químicos mal embalados, que nos apontou para a possibilidade de tirarmos todos um mês de férias não pagas, Julho, encarregando Lenocínio Baptista, aquele que dispõe de vida social no menor grau, de fingir ajudar idosas a atravessar calçadas enquanto remexe as suas várias possessões cobertas de tecido e cabedal (as carteiras). Tudo em nome do bem maior da empresa, mas também daqueles que nela trabalham, visto que o clima de antagonismo e perfídia dentro do Beco havia nas semanas anteriores atingido níveis nunca antes alcançados, como tão bem nos demonstrou o nosso departamento gráfico. E embora a ideia tivesse numa outra ocasião sido facilmente repudiada por todos e originado arremessos de cadeiras e seringas alheias, a singela prospectiva de férias e afastamento organizaram as várias vontades de quase todos os membros da César Editoras em torno de encarregar o nosso advogado estagiário da execução do plano e de ser aprovado o mais rapidamente possível e recorrendo minimamente aos morosos processos deliberativos.
Ora, ssim passar-se-á Julho, o mês da recuperação económica.

Se eventualmente apanhar Lenocínio com a boca na botija ou desejar intervir neste processo porque o considera "moralmente errado" saiba que este será imediatamente posto de parte e substituído por um possivelmente auto-destrutivo, como acima avançámos. Tenha pena de nós e das consequências que as nossas acções nos infligem. Se o confortar, acreditamos piamente que este é o plano capaz de trazer de volta a César Editoras ao auge da sua capacidade produtiva!

César Editoras