domingo, 30 de outubro de 2016

A Institucionalização

Após uma paragem não prevista de cerca de um mês inteiro, isto é, 1/12 de um ano, regressamos com uma bonita composição de André Lazarra sobre "O Acto de Institucionalizar", para a famosa revista de Alpedrinha, Instituições. 


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A Institucionalização

A Institucionalização é o acto de institucionalizar, inscrever algo até à data informal nos quadros de uma Instituição. É a instituição da Institucionalização que me traz aqui hoje, a Alpedrinha, terra de valentes magos e vis bagos. Atrozes actos de instituições de novas ordens foram outrora no passado cometidos, após vagas consecutivas de omissão ou repressão. Contudo a institucionalização apenas se revela proveitosa, somente escapa o vício, se se conformar com uma valerosa Instituição, assente nos mais essenciais valores e ideais, porquanto esses mesmos serão fonte da sua continuidade. A instituição da Institucionalização é essencialmente um reconhecimento da necessidade de institucionalizar algo. Ora, aquilo que secretivamente é mantido, aquela matéria, física ou psicológica, que escapa sem liberdade de escolha o olhar disperso do público em geral será sempre alvo de controvérsia aquando da sua institucionalização, aquando da sua oficialização. Não interessa. O que nos é relevante é a matéria e a sua transposição para uma estrutura acessível aos cidadãos de uma criativa sociedade. Há tempos ouvira-se nas notícias um urdir nocivo e pérfido vindo de um estável e poderoso governo mundial. Na situação que detalho o problema estava já institucionalizado, o vício era relativo ao procedimento, que por sua vez não era permitido tornar-se público. Quando um indivíduo se deparou com o defeito e com o dilema de o tornar público o vício deu-se a conhecer ao mundo. O vício institucionalizado foi libertado por uma anomalia na instituição. O segredo, que bastante perto do público se encontrava mas apenas se o soube quando revelado, levantou perturbadoras questões relativas à Instituição e à necessidade de se reformar estes processos, estes valores, valores que, como previamente estabelecido, terão necessariamente de ser honrosos por forma a permitir não só a continuidade da estrutura como também a manutenção da confiança nesta. Sugiro uma reforma.
Assim proponho que o leitor reflicta, na medida em que achar possível e adequada, sobre os demais problemas da Institucionalização, posto que tal fenómeno é análogo às mais variadas vivências quotidianas. Creio ter deixado este artigo inacabado de modo a permitir e estimular este raciocínio. Também o faço pois acredito vincadamente que poderia encher trezentas páginas com belas e bem encadeadas palavras sobre o tema da Institucionalização, da Instituição da mesma e das Instituições que seriam receptáculo de hipotéticas vias cognitivas. Pensemos, por fim e como meio de terminar esta conversa (este texto, leia-se, é uma conversa no seu mais profundo âmago), nas reformas que prometemos diária, mensal e anualmente concretizar, incidentes nos mais relevantes ou exíguos âmbitos das nossas incertas vidas e nos resultados que pretendemos atingir. E, imediatamente de seguida, quão ridículos pareceremos?

                                                                                                                André Lazarra"



Lenocínio Baptista, Advogado Estagiário


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sigamos o Exemplo da Bielorússia

Quando alguém nos diz que estamos errados e ao mesmo tempo nos sentimos fragilizados, é normal que para dentro de nós olhemos e nos fechemos em relação ao mundo. Tal fenómeno é cada vez mais comum, agora que as tecnologias permitem às pessoas viver vidas novas que em parte não são suas.
Das muitas vítimas do mais gratuito e inconsequente ataque crítico não se exclui a César Editoras. Seria inútil listar os vários erros que frequentemente nos são apontados, tão inútil quanto apontá-los, pois o nosso comportamento e ideologia assentam nas mais sólidas e tortas vigas de ferro.

Alexander Lukaschenko, actual legítimo Presidente bielorrusso, é muitas vezes referido como um mau exemplo, um homem que vive no passado, de políticas soviéticas e autoritárias. Não faz mal, todos nós possuímos defeitos e este ataque a um modelo estável reflecte as falhas dos analistas.
Lukaschenko é, de igual modo, uma figura que pouco aparece em capas de jornais, embora mantenha uma relação próxima oscilante com o governo russo, cuja figura principal é fonte de muita especulação e debate.
Esta opção de se virar para si e manter contactos parcos com vários países do globo é uma forma de evitar mais ataques. Ninguém ouve falar da Bielorrússia, se é que alguém de facto a conhece. O Homem permanece quieto e sossegado, tratando dos seus assuntos e ficando satisfeito com o desvio de atenções em direcção ao seu vizinho.
Assim procede também a César Editoras. É criticada, retrai-se para o seu canto e faz as coisas pela calada. Ninguém sabe o que se passa, poucos conhecem-na e alguns criticam-na. Mas as críticas, tal com aquelas dirigidas ao legítimo Presidente da Bielorrússia, têm um efeito exíguo e terminam no jarro da indiferença.

Esta forma de combater a repressão não significa que a repressão cessará. Não! Significa que esta deixará de ter o efeito desejado!, até ao dia, claro. Demasiada ambição poderá resultar numa emersão que sairá cara àquele que agora se encontra debaixo de fogo. Deste modo mais moderado as coisas vão andando, calma e quase secretivamente. Enquanto o mundo se continuar a preocupar com a morte de chimpanzés, ursos polares e gatos não-pardos, a César Editoras avança sem causar grande alarido.
Não podemos deixar de elogiar a política firme e eficaz do Presidente Lukaschenko, que não só mantém a ordem e o progresso num país que, de outra forma, seria provavelmente imediatamente capturado pela Rússia ou democraticamente fragmentado, como também o faz sem inquietação, abafando as críticas interinas com o seu punho de ferro e adoptando uma atitude geralmente despreocupada em relação às críticas exógenas, isto é, quando estas não são oriundas de Estados dignos ou merecedoras de consideração.

Longa vida, Bielorrússia!


André Lazarra, Consultor Linguístico