Quando alguém nos diz que estamos errados e ao mesmo tempo nos sentimos fragilizados, é normal que para dentro de nós olhemos e nos fechemos em relação ao mundo. Tal fenómeno é cada vez mais comum, agora que as tecnologias permitem às pessoas viver vidas novas que em parte não são suas.
Das muitas vítimas do mais gratuito e inconsequente ataque crítico não se exclui a César Editoras. Seria inútil listar os vários erros que frequentemente nos são apontados, tão inútil quanto apontá-los, pois o nosso comportamento e ideologia assentam nas mais sólidas e tortas vigas de ferro.
Alexander Lukaschenko, actual legítimo Presidente bielorrusso, é muitas vezes referido como um mau exemplo, um homem que vive no passado, de políticas soviéticas e autoritárias. Não faz mal, todos nós possuímos defeitos e este ataque a um modelo estável reflecte as falhas dos analistas.
Lukaschenko é, de igual modo, uma figura que pouco aparece em capas de jornais, embora mantenha uma relação próxima oscilante com o governo russo, cuja figura principal é fonte de muita especulação e debate.
Esta opção de se virar para si e manter contactos parcos com vários países do globo é uma forma de evitar mais ataques. Ninguém ouve falar da Bielorrússia, se é que alguém de facto a conhece. O Homem permanece quieto e sossegado, tratando dos seus assuntos e ficando satisfeito com o desvio de atenções em direcção ao seu vizinho.
Assim procede também a César Editoras. É criticada, retrai-se para o seu canto e faz as coisas pela calada. Ninguém sabe o que se passa, poucos conhecem-na e alguns criticam-na. Mas as críticas, tal com aquelas dirigidas ao legítimo Presidente da Bielorrússia, têm um efeito exíguo e terminam no jarro da indiferença.
Esta forma de combater a repressão não significa que a repressão cessará. Não! Significa que esta deixará de ter o efeito desejado!, até ao dia, claro. Demasiada ambição poderá resultar numa emersão que sairá cara àquele que agora se encontra debaixo de fogo. Deste modo mais moderado as coisas vão andando, calma e quase secretivamente. Enquanto o mundo se continuar a preocupar com a morte de chimpanzés, ursos polares e gatos não-pardos, a César Editoras avança sem causar grande alarido.
Não podemos deixar de elogiar a política firme e eficaz do Presidente Lukaschenko, que não só mantém a ordem e o progresso num país que, de outra forma, seria provavelmente imediatamente capturado pela Rússia ou democraticamente fragmentado, como também o faz sem inquietação, abafando as críticas interinas com o seu punho de ferro e adoptando uma atitude geralmente despreocupada em relação às críticas exógenas, isto é, quando estas não são oriundas de Estados dignos ou merecedoras de consideração.
Longa vida, Bielorrússia!
André Lazarra, Consultor Linguístico