domingo, 18 de dezembro de 2016

Prémios César-Editorianos: Nomeados

Damos as boas vindas à 1ª Edição dos Prémios César-Editorianos, cujas categorias premeiam individualidades distintas ou eventos que se destacaram no passado ano de 2016. Os Prémios César-Editorianos são uma forma de relembrar e enaltecer aquilo e aqueles que nos encheram mais um ano de surpresas e avanços nas mais nobres áreas. Embora não conceda aos participantes qualquer recompensa material ou monetária, é o reconhecimento a dádiva que a César Editoras oferece às personalidades que não escolhem aceitá-la. Uma pessoa nem sempre cria algo porque tem em vista um conjunto de resultados, não, a obra deve ser realizada tão e somente por aquilo que ela vale e representa. Certas categorias irão premiar exactamente essa atitude, outras terão em conta resultados apenas e outras cingir-se-ão a eventos sobre os quais o indivíduo não tem mão, dos quais não se orgulha e que lhe hão trazido enorme infortunaria. De ano para ano as categorias aparecerão, manter-se-ão e desaparecerão também, dependendo sempre do material de que dispomos.
Olhemos para elas.

Prémio Mais Fascinante Calamidade: Premeia a mais tenebrosa calamidade aos olhos César-Editorianos.

  • O Vírus Zika
  • Os Jogos Olímpicos de 2016
  • A eleição de Donald Trump
  • Crise dos Mísseis Norte Coreanos
  • Canonização de Madre Teresa de Calcutá

Prémio Excelência Musical: Premeia o mais brilhante músico de todos os tempos.

  • Todos os músicos estão nomeados.

Prémio Mais Marcante Condenação: Premeia a sentença mais lustrosa do ano em questão. Têm-se em conta a importância do condenado e a dureza da pena.
  • Hisséne Habré
  • Oscar Pistorius
  • Otto Warmbier
  • Radovan Karadzic
  • Reinhold Hanning

Prémio Nobre Avanço Científico: Premeia a mais nobre causa, descoberta ou destreza técnica.
  • O Radiotelescópio de Guangzhou
  • Gothard Base Tunnel
  • Ondas Gravitacionais

Prémio Posição de Força: Premeia a inflexibilidade face a pressões exteriores injustas, na perseguição da manutenção da ordem e estabilidade política.
  • Alexandr Lukashenko
  • Bashar Al-Assad
  • Kim Jong-Un
  • Viktor Orbán
  • Vladimir Putin

As nomeações são hoje públicas. Qualquer contestação será imediatamente ignorada. Os resultados serão divulgados na última quinzena de Janeiro. 

César Editoras


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Joaquim Orduras Prevê o Futuro

De novo Joaquim Orduras utiliza as suas alegadas capacidades místicas para colocar em dia aquilo que o ameaça. Sem mais demoras, oiçamo-lo:


"Haverá um dia, digo-o em observância das tendências iníquas que não posso descurar, em que Jesus Cristo regressará à Terra com o intuito de julgar os vivos e os mortos, traçando-lhes o seu destino através da justa mão que a espada enverga, e, nessa mesma ocasião do mais grandioso teor histórico, a sua presença será ignorada e tomada por um incómodo pelos habitantes desta redonda terra!

Cristo regressará e verá sepultados na maviosa e fértil terra os ideais bem intencionados que há milhares de anos nos legou. O ser humano, brioso e trágico, terá na sua mão uma oportunidade que será incapaz de compreender. A constante mais irrefutável que a história carregou consigo através dos anos não foi senão a malvadez, a propensão incontornável que o Homem tem para o mal, aquele traço fundamental que o coloca de novo no seu tão preterido lugar, o reino animal. Diria o leitor o progresso? Não só tamanha asserção é do cariz mais subjectivo, como também poderemos indagar as coisas às custas das quais o progresso foi atingido. Muitas vezes o progresso é o resultado benéfico das mais vis ocorrências, não das mais auspiciosas acções. E o que é o progresso senão uma condenação do passado? Não veria então o defensor desta teoria o passado como algo mau? Acreditando tão veementemente na necessidade e, no limite, na constância do progresso, como veria ele nessa óptica o presente? Ora, nada me parece mais claro do que a recorrente presença desta propensão para o mal, para tudo aquilo que este representa: a inveja, o escárnio, o desrespeito, o vitupério, a injúria física, a maledicência.
Terá o Homem alguma vez sido bom? Será hoje, no século dos avanços tecnológicos e culturais, capaz de se tomar como bom? Ou preferirá a posição amena e cuidar que simplesmente 'não é mau'? Qual o critério de um Homem de bem? É com certeza mas fácil tratar das ofensas humanas, rotulá-las. Existem mecanismos que dispõe dessa autoridade. O mal é um alvo mais fácil, mais facilmente identificável. O Bem, por sua vez, é receptor das mais flagrantes manifestações do politicamente correcto e do pacifismo, pelo que as várias concepções de Bem são geralmente bastante bem aceites, com especial aceitação nos anos que compõe grande parte deste milénio novo. O mal, em suma, é o mal e as diferentes concepções de mal, dada a natureza da variável, são quase sempre empacotadas no mesmo recipiente, com graus de iniquidade superiores ou inferiores.
Nos tempos recentes vemos fenómenos vários de pura malvadez, voluntária ou involuntária, mas a actualidade deixo aos peritos.

Como dizia, o filho de Deus acabara de descer à Terra quebrada. Sem vontade de gerar especulações imponho ao profeta um agir e pensar humano, agora que visita a Terra, algo que presumivelmente faz sempre a custo. Que terá indagado ele? 'Como terá sido isto possível?', 'Porque razão agem contra os meus ensinamentos?', 'O que faz aquele esófago acolá?', 'Terei sido abandonado pelos meus filhos?'. Ah! A imaculada beleza do depósito da culpa! Distribua-se o livre arbítrio por entre os cidadãos, esse deverá escusar maior labuta! Dai-lhes a oportunidade de errar e sofrer, de seguir o meu desígnio da forma que eles considerarem mais formosa, enquanto eu me reclino neste belo trono da eternidade, bebendo um suave aperitivo e esvaziando o meu estômago após o décimo, aproveitando também para expelir algumas das competências que me foram reservadas. Assim, aquando do meu regresso, tal e qual aluno preguiçoso num trabalho de grupo, retorno com renovada mensagem, "então?", ao que a mente que algo ainda capta, isto é, não mentecapta, redargue "Não deverás tu, oh criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, detentor dos mais inverosímeis, infindáveis poderes e mais generosa inclinação efectuar a pergunta de forma inversa?"

Cristo incrédulo? Talvez não, a sua mais útil capacidade é a infinita sapiência. De facto, é capaz de ser a única que realmente usa. Revestindo a sua cara com as expressões que a destruição lhe incutia fingiu ignorar, numa primeira ocasião, a pergunta que lhe havia sido arremessada. "Terá ele compreendido a questão?" indagaram-se aqueles que o rodeavam. Muitos, afastados, recusavam reconhecê-lo, achando-o apenas um outro maluco mais convincente. Aos seus pés caiu uma jovem moça, nos seus braços um pedaço de carne ensanguentado com claros contornos humanos. Nada mais move a opinião pública que o sofrimentos dos inocentes, em particular das crianças inocentes! E com quanta tristeza a pobre madre comunicou ao seu suserano o desastre que acontecera à pequena cria, que agora com dificuldade jazia nos braços de sua mãe, tal era o sofrimento de uma e a desfiguração de outra. Tomando na cara a expressão de determinação com que havia aterrado, desviou politicamente a tentativa de constrangimento que entendeu como um desafio à sua autoridade em direcção aos temas que o preocupavam naquele momento. "Olhai, meus filhos, olhai para o que o Anti Cristo vos impingiu! Vede as terras cremadas, o súbdito curvado e os céus turvos com a ira de meu pai! Em sede da vitória do bem necessitamos da ajuda de todo aquele que me quiser acompanhar em direcção aos céus, onde se sentará à direita do nosso pai. Lutemos contra o Anti Cristo, detenhamos a sua ira irascível!". Assim imagino a sua primeira grande fala, divergindo das questões que realmente lhe são colocadas, referindo múltiplas vezes os evangelhos, revelando grande conhecimento de causa e citando inúmeros livros não lidos dos quais ninguém alguma vez ouviu falar. Em suma, uma nova missa. Mais uma. Não se submete às capacidades criativas do ser Humano a justificação que será necessariamente dada por Jesus Cristo assim que este se vir na obrigação de regressar ao sítio que devastou com a sua hipocrisia e atitude passiva. Envoltos em temor, contudo e por mera pena benevolente concedendo ao verdadeiro mendigo intelectual uma oportunidade de salvação, perguntaram-lhe aqueles que o ouviam a custo: "Não terás sido tu, oh Jesus de Nazaré, o responsável por esta manha? Quem mais, senão tu, poderia tê-la evitado? Será que, perante a tua inactividade e o teu ócio celestial, a existência do éter maligno te beneficia enquanto bode expiatório, em função da tua incompetência?". "O Anti Cristo adianta-se, sobre o reino infinito dos Céus abater-se-á! Agidem-vos enquanto podeis! Vede com vossos próp..." Antes do regresso do reino infinito da retórica vazia uma vergastada na sua bochecha esquerda impediu a sílaba seguinte de ser proferida. Sobre ele se abateram as criaturas que ele criara, o verdadeiro Anti Cristo, o império do mal, o seu antagonista, o Ser Humano. Aqueles que nele não acreditaram tentavam separá-lo da fúria semeada havia milénios sem resultados significativos. A sua manta ganhava as primeiras pinceladas. A sua retórica completa era abafada pelo recurso mínimo à interjeição daqueles que das palavras haviam passado às acções. De onde vem afinal essa palavra sagrada? De onde?! "Eu forneço-vos todo o vinho que quiserdes!", gritava em desespero. "Rosé, Branco, Tinto", igualmente sem sucesso. Quando a tareia se deu por terminada consensualmente a consciência insana do prostrado foi arrastada até ao cume da mais alta montanha. "Pai, porque me abandonaste? Deus, meu Deus, porque me desamparaste?" Mas sua boca alargada foi prontamente fechada por um laivo de seriedade gesticulativa ameaçadora. Debaixo de uma árvore o colocaram, permitindo um breve descanso. Em redor do seu pescoço delinearam uma linha precisa. Levantaram-no e permitiram que algo final proferisse. Ninguém prestou elevada atenção e quando nele pegaram provavelmente o seu discurso dissuasor ou pacificador não havia sido ainda concluído. Da planície fumegante um grupo de indivíduos apátridas lobrigou no alto de uma suja colina um outro conglomerado deitando mão a um irrequieto personagem. Este era agora seguido em direcção à árvore solitária por dois indivíduos apenas. Quando se voltaram e o deixaram em paz a sua inquietação e movimento aumentaram exponencialmente, antes de cessarem por completo, dando lugar a um desconfortante movimento pendular. Um cheiro curioso a figos encheu a planície e a atmosfera, cobrindo os fogos que se extinguiam e dando novo alento a uma raça debilitada que, sabendo ou não, se livrara do maior fardo alguma vez conseguido pela criação. Os conglomerados, cada um, seguiram a sua direcção.

Joaquim Orduras, Poeta"


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O Nome Brenda

Partilhamos uma opinião comum e vincada de todos os membros da nossa humilde Instituição. Maior conflito surgiu quando redigimos o seguinte texto, aquele que melhor traduz a nossa mensagem:


"Brenda, Brenda. O Nome Brenda. Com a pronúncia de cada sílaba parece que um tijolo se nos estilhaça pelos dentes. A culpa não é sua, nem dos seus pais. A culpa é do costume e da lei, que sucessivamente falharam em tornar esta escolha ilegal. Outrora havemos determinado que o nome 'Mauro' é o mais ultrajante da língua portuguesa, feminino ou masculino. Certamente Brenda seguir-se-á. A sua abjecção caminha por tão sinuosos trilhos que enquanto desenvolvemos esta ideia o sistema operativo da nossa maquinaria não hesita em sublinhar a vermelho tão odiosas sílabas. O casamento entre Brenda e Mauro é a receita para o aborto. Fossem irmãos, a receita para o incesto. Fossem progenitor e cria, a receita para o incesto seguido de parricídio. A junção de ambos estes nomes num âmbito familiar atenta contra as mais basilares leis naturais, sobre as quais o Homem e a moral que este detém foram erigidos. 
Contudo o nome Brenda, que tanto nos custa pronunciar quanto escrever, não se comporta como uma doença física, pelo que não pode ser erradicada ou contida. As suas semelhanças ordenam-se às maladias do foro psicológico e, se assim nos for permitido colocar, cultural. O contágio ocorre por omissão, o seu sujeito a pessoa, que ao exercer uma autoridade excessiva não tem em conta o crime hediondo que perpetra. Esta vontade de facultar ao nascituro um fardo que durante várias estações comportará apenas poderá ser o efeito da mais tremenda ignorância. Talvez, em detrimento de uma Bíblia, que apenas versa sobre esperanças ocas abstractas, se devesse conceder a cada família um livro de nomes permitidos, que versasse sobre itens concretos e de aplicação visível. Se Deus cria o Homem e este chama o seu filho Mauro ou Brenda, será que a altura chegou de substituir tamanha autoridade por um passo lógico, um novo livro, que impeça o Homem de tomar acções auto-destrutivas? Porquanto estes nomes são factualmente tenebrosos e repulsivos. Um Deus sumamente bom não permitiria que os seus súbditos tomassem nomes desta laia por algo que não uma ofensa directa, muito menos um elogio. Cabe ao iluminado atravessar-se horizontalmente na estrada e descarrilar o vagão divino, alterando a sua lei e seus dogmas. Comecemos pelas tradições que este nos inculca erradamente. Comecemos pela total e inequívoca ilegalização dos nomes Mauro e Brenda".



César Editoras