domingo, 23 de abril de 2017

As Presidenciais Francesas

São muitos os imigrantes e cidadãos luso-descendentes que visitam a nossa pagina oficial mensalmente em busca de respostas que há muito deixámos de oferecer. A nossa relação com a França tem sido uma de alguma distância, em parte porque os custos de uma viagem ao país arruinar-nos-iam, em parte também porque aqueles que nos são mais próximos não são verdadeiramente franceses, mas portugueses imigrados.
O imigrante em França é ainda hoje visto de forma funcional, um resultado do preocupante nariz empinado que duas guerras mundiais não conseguiram vergar. Até ao momento em que deixa de ser útil ao seu mestre os seus esforços são muito bem-vindos. A partir do momento em que essa utilidade é perdida as ameaças xenófobas inevitavelmente recaem sobre os seus ombros. E mantêm-se e perduram mesmo quando estes indivíduos adquiriram já, legalmente, a cidadania francesa. Para compreender o sentimento nacional francês é necessário olhar para o futebol e depois para a política/sociedade. Ninguém observa nenhum preconceito (talvez à excepção daqueles oriundos dos seus adversários) quando a selecção francesa joga com nove, dez ou onze jogadores das suas antigas colónias, uma vez que essa é a chave para o sucesso. A França beneficia do seu passado colonial, mas assim que olhamos para os candidatos oficiais das Presidenciais Francesas reparamos que não há nenhum facilmente identificável, erroneamente ou não, como descendente de emigrantes. Demasiada homogeneidade numa sociedade bastante clivada levanta suspeitas, principalmente quando parte substancial da essência da política é, afinal, a representação. O que significaria para um candidato ser de etnia diferente ou, diga-se, da religião muçulmana? Discutivelmente uma desvantagem.
O que seria um francês ser comandado por um estrangeiro? (já aconteceu e, calculamos, acontecerá de novo nem que demore um milhar de anos). Assim que, independentemente das competências, a questão é a submissão (embora lhe preste um serviço, na verdade) e não a delegação ou a execução de um trabalho que traga ao francês e à França orgulho, o franciú bate o pé. Orgulho de facto é tudo o que resta ao pobre povo. Até a sua língua morta serve hoje apenas para falar com povos de países que desprezam! Mas dela se orgulham, enquanto símbolo de um refinamento que não tomam por decadente.

Poder-se-á alegar que o retrato feito ao francês nesta curta incursão poderá parecer exagerado, ou generalizado ao ponto do excesso, mas apontamos ao francês que tanto se preocupa com a identidade pura da sua espécie: aqui está ele!

Em último lugar falta, está certo, a tomada de posição César-Editoriana. Com que candidato mais se identifica? Quem mais protege os interesses da empresa?
Desta vez estamos por quem ganhar, excepto o Lazarra que apoia a Le Pen fervorosamente e Jopaquim Orduras que pensa imigrar para o país caso vença Benoit Hamon.


César Editoras