domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sondagem "Amor De Mãe"

Primeiro single, embora original "filler", Aborta a Criança foi votada, numa sondagem encerrada a 12 de Novembro do ano passado, como a música preferida dos ouvintes de Amor De Mãe, ultrapassando Hacka-Me O Coração por um voto.

O resultado era esperado.

Deste modo urgimos o leitor a participar activamente nas sondagens que lhe são facultadas e, se estas estiverem "escondidas" no site, que as procure e nos satisfaça!



Lenocínio Baptista, advogado estagiário

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Posição Sobre a Eutanásia

"A Posição César-Editoriana em relação à Eutanásia é auto-explicativa.
Acreditamos ter agido com clareza e sido motivados pelas mais honrosas causas e intenções.
Aproveitamos para pedir ao leitor que reflicta bastante no assunto para formar uma opinião bem fundamentada, mesmo que essa contraste fortemente com a nossa. De resto pedimos também que, antes de iniciar a contestação ao desbarato, tente efectivamente compreender a nossa posição."
André Lazarra, Consultor Linguístico

"A César Editoras apoia a eutanásia e patrocinará qualquer causa que pretenda levar este tema ao mais confuso dos referendos! 
Ai se soubessem o nosso espanto quando nos apercebemos que a prática ainda não era permitida em Portugal, em situações de enorme sofrimento!
Mas nós não nos cingimos a essas miseráveis e tenebrosas ocorrências, das quais esperamos que ninguém tome partido! A nossa posição é mais vasta, por assim dizer. Estende-se a locais ainda hoje pouco explorados.Na honesta opinião da César Editoras, uma vez vivo o direito à vida é indiscutível e, por conseguinte, também o direito à morte. Decidimos nós nascer? Seremos subjugados ao sofrimento gratuito? E quem define sofrimento por nós? Em condições de sofrimento violento e constante, que terminará no falecimento certo, não merece a pessoa um último desejo? Alegais vós que a pessoa não se encontra na posse de todas as suas faculdades mentais. Sois egoístas, porquanto não compreendeis que admitistes a sua situação de grotesco desconforto e, conhecendo-a, negais o conforto à pessoa que, mais cedo ou mais tarde o terá! Não interferi com os direitos mais essenciais da pessoa que já sofre! Vós, vós mesmos estão incapacitados cognitivamente e vós verdadeiramente não conseguem tomar a decisão que no vosso trono de mil almofadas tomam, porquanto se encontram adulterados pela tristeza emocional e cegos pela esperança, essa maldita! Pensai nos vossos deveres e que a vontade alheia não será nunca a vossa!
O Primeiro Passo está dado!
Votai sim, favorecendo a Eutanásia, um avanço fundamental no alargamento dos tão prezados Direitos Humanos!"

César Editoras

"A Varicela"

"A Varicela", um texto de Joaquim Orduras, poeta.


"Naquele tempo, onde as minhas ilusões eram garantias e a inocência a minha almofada, havia-me pregado à cama a mais tenebrosa varicela. Quando a minha liberdade aparentava ser infinita, na cama toda a minha extensão e desejo se revelavam infrutíferos. Focara-me na doença que me assolava. Minha mãe, gentil e bondosa, convidava outras crianças a deitarem-se no meu leito para receberem a minha sorte. Hoje admito que meu tio Luís, de 40 anos na altura, não poderia ter tido varicela naquela altura, e sei que não é daquela forma que esta mais facilmente se transmite. No início da minha invalidez temporária afeiçoara-me aos gestos da minha mãe, crendo cegamente que esta colocava-me ao lado de outras crianças, algumas mais novas que eu, visando o erradicar da minha solidão, ao adicionar membros ao meu clube de sofrimento. Sei-o, agora, que esse clube não é meu, não é de ninguém, e ultrapassa já os 7 mil milhões de inscritos.
Hoje olho para os tempos que se seguiram à minha varicela. Um dia após a minha cura já não me lembrava do nome da minha acompanhante, algo que acontece ainda hoje, embora a um nível diferente, no qual a cura, para certas repercussões traduz-se num adiamento da morte. Sentado ao sol, lendo a parte de trás de uma revista de jardinagem, olhava para o sol e indagava-o. Como faria ele crescer as plantas, se tão distante estava? E porquê fazer bem a estas e escolher aleijar a minha vista? Naquelas alturas de enorme divagação as minhas intempéries eram outras, de tamanho menor e gravidade inconcebível, porquanto por estas não nutria qualquer preocupação.
Hoje, desejava que a minha varicela me tivesse colhido da terra e prostrado no duro chão de pedra ondulada, onde muitos já caíram e, leia-se com muita atenção, onde cairemos todos. Que tempos de glória, aqueles que a meu crescimento veio apagar, com a sua atitude crítica de constante e irrevogável nostalgia! Como olhar agora para aquilo que sei que possuí, mas que não sei como? Ora, na minha infância eu era feliz, tal considerava-me, e não entendia porquê. Ma era-o. Hoje, olho para aqueles tempos e vejo um animal sem capacidade crítica, apenas um projecto de desolação que demasiado tempo passou sôfrego na lama.
Não se teria revelado mais útil ter esbanjado prodigamente os meus esforços naquele tempo, ao invés de continuar a tentar encontrá-los de novo, embora sem sucesso, visto que me sinto e estou derrotado na consciência? Agora que a crítica que me destruiu encontra-se ao meu dispor e vem ao meu auxílio para me suportar na aferição do mais útil e vantajoso, entendo a sua ambígua natureza. Enquanto jovem, vigoroso, esta não me dá jeito e dela não retiro proveito, ao passo que aquando da minha ascensão esta é-me fulcral e, de um modo curioso, destrói a minha ulterior felicidade, conseguindo do mesmo modo impedir qualquer prospecção da mesma no futuro. Será esta imparcialidade o termo essencial na auto-determinação do ser humano? Fica ao cuidado de cada um, visto que não ambiciono auto-determinar ninguém.
Não muito mais há para dizer, senão aquilo que todos sentimos, mas que não compreendemos. Voltarei, assim que mais palavras bonitas conseguir organizar".



Joaquim Orduras, Poeta