sexta-feira, 25 de novembro de 2016

6º Aniversário da César Editoras

Hoje, dia 25 de Novembro de 2016 a César Editoras celebra o seu 6º aniversário. A data não assinala, contudo, o dia exacto da fundação desta gloriosa instituição, pois foi estabelecida por convenção, uma história simples e importante que todos os anos recordamos: Havendo sido criada, com certeza, no mês de Novembro de 2010, quando a César Editoras decidiu iniciar a tradição de celebrar as sua anualidade desconhecia o dia em que o deveria fazer. Por convenção e alguma conveniência decidimos aglutinar o nosso aniversário artificial com uma data bastante concreta e relevante que muito nos toca, o dia 25 de Novembro de 2016, a data da morte de um dos nossos adorados ídolos, Nick Drake, falecido no ano de 1974. Talvez parecesse ser correcto incluir nesta divagação os importantes passos que a Democracia portuguesa deu nesta mesma data. Mas aquilo que parece correcto, geralmente a César Editoras não o faz. Nick Drake é um símbolo da mais pura originalidade e honestidade intelectual. O seu trabalho incontornável ao serviço do Folk foi amplamente ignorado aquando da sua composição e distribuição, mais tarde conhecendo um "revival" merecido às mãos da justiça daqueles que detectaram a sua genialidade bruta. Embora tenha escolhido cessar as suas próprias funções vitais, possivelmente devido ao fracasso da sua obra durante o seu tempo de vida, a sua presença mantém-se viva, tanto pelo papel que desempenha na vida daqueles sortudos que o conhecem, tanto pela influência invasiva que, ao longo destes últimos 42 anos, tem exercido sobre os demais músicos e eclécticos artistas. Qual a lição a retirar dos ensinamentos involuntários deste jovem músico? A César Editoras, como sabeis certamente, não tem um desígnio particularmente direccionado ao lucro ou à satisfação de um grupo de pessoas, nem sequer à contribuição para uma Sociedade mais justa, equilibrada e moralmente tolerante. Não, muitas são as vezes em que a acção deliberada da nossa empresa vai de encontro a estas ideias sem qualquer consideração. Não só isto, como também a sua preocupação para consigo mesma e não para com os clientes que tem, mas aqueles que escolhe resultam em constantes situações de privação e depravação generalizadas. O sucesso raramente está à porta e alguns se indagam como tem a César Editoras sobrevivido com um registo financeiro e criminal tão consistente. Talvez a nossa mensagem não deva ser entendida ou aceite no nosso tempo de vida, mas sim numa altura diferente em que a nossa acção vigore de forma mais fluída e possa convergir em termos de valores com a Sociedade do seu tempo. Essa é a nossa esperança, mas uma daquelas que sabemos bem como será aceite hoje e como deverá ser aceite amanhã. O senhor Nick Drake estava bem ciente das suas qualidades e talvez tenha considerado provável a situação que acabou por merecidamente acontecer. Nós estamos conscientes das nossas práticas e da dúbia moral que estas acarretam. Talvez as esperanças sejam diferentes. Contudo são esperanças e, como dizem, a esperança é a última a morrer. Talvez não seja assim, se esta demonstrar tendências suicidas.

Muitos Parabéns César Editoras, que mais vezes celebremos esta bela ocasião e retomemos esta lenga-lenga Nick-Drakiana com fins comparativos!,


César Editoras

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Estatísticas 2016/11/10


Há algum tempo que não abordávamos as nossas preciosas estatísticas, necessárias à análise da expansão César-Editoriana pelo mundo.

Em relação à coluna esquerdina nada nos surpreende. Quem usará o Firefox para obter acesso aos nossos dados? Tal é, agora que melhor exemplo não arranjamos, o acto legal mais próximo do crime que nos vem à cabeça. Como seria de esperar, nem todos têm recursos financeiros suficientes para prodigalizar inconsequentemente num Macintosh que mal sabem usar, essa jactante escolha assentando na necessidade exibicionista que a recente entrada na faculdade lhe proporcionou. Vade Retro!

Adiante. Chegamos ao âmago da questão. De onde são oriundas as nossas visitas?

De forma surpreendente e imprevisível recebemos nestes últimos tempos uma afluência fabulosa de terras francesas. Não sabemos quem vós sois, se sois portugueses ou de nacionalidade estrangeira, mas podemos prever e talvez o façamos: Sois portugueses. Agradecemos a vossa consideração. Aproveitamos para desvendar que há coisa de um ano André Lazarra, que entretanto se retractou, considerou os emigrantes portugueses merecedores de perda de nacionalidade por traição. Nas palavras do nosso Consultor Linguístico "não existe qualquer razão que consiga levar um português a ausentar-se quase permanentemente da sua terra natal. Cá tudo temos, e por tal teremos de lutar". Entretanto Lazarra já tomou como aceitável a emigração para alguns países, como a Rússia, Bielorrússia, a Alemanha, o Vietname e a República Popular da Coreia do Norte.
Em segundo lugar Portugal apresenta-se como fiel acompanhante. Sobre esta posição cremos não existirem obrigações explicativas.
Em terceiro lugar apresenta-se um dos mais gloriosos países alguma vez desenhados. O povo alemão teve as suas divisões ao longo dos tempos mas manteve-se sempre intrinsecamente alemão e as suas características, que recentemente negativamente têm evoluído fruto da globalização, convergem com alguns dos valores que a César Editoras pretende transmitir: força, estabilidade, traços culturais marcantes e a ocasional opressão de opiniões redutoras. A comparência dos povos alemães tem sido regular nos nossos fóruns monologais.
Como já é hábito, é normal que num dos maiores países do mundo, com maior presença na internet e cultura de redes sociais a ocasional visita acidental aconteça. Com os recentes acontecimentos nos EUA apenas desejamos uma total dissociação entre empresa e "América". Iremos ignorar qualquer tentativa de aproximação, e esta é intolerável!

Fechando a abordagem à estatística, concluímos com uma nota fundamental, a inexistência de visitantes das terras eslavas. Em tempos estes fundamentais parceiros culturais ofereceram-nos belas visitas da Ucrânia, da Rússia! Hoje manifestamos a nossa desilusão, após tantos elogios terem sido proferidos pelas nossas gargantas. Talvez este seja o resultado de vários elogios recentes à Bielorrússia, nãos sabemos.


Lenocínio Baptista, Advogado Estagiário

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A Criança no Passe-Partout

Era um dia de semana solarengo quando Lenocínio entrou atrasado e de rompante pela porta frontal do Beco do Julião, alertando todos para um quadrado (60x60) que nas mãos trazia. "Está pronto!", gritou. Desinteressados, ficámos em absoluto silêncio nas salas interiores, tentando convencer Lenocínio a faltar ao seu dever para com a César Editoras. Contudo o advogado estagiário optou por, no meio da sua emoção, procurar os seus colegas nas salas onde estes se encontravam sossegados. "Está pronto!", repetiu, "A minha mais formosa fotografia de infância imortaliza-se!" e, virando-o, apontou para nós o Passe-Partout onde uma criança de cerca de quatro anos sentada olhava inquisitivamente sobre o seu ombro em direcção à lente, vestida com malhas cor-de-vinho e calções beges axadrezados, próxima a uma lareira em brasa rodeada por uma alcatifa encarnada.
Joaquim Orduras, que nesse dia nos fazia uma irrelevante e pouco pronunciada companhia, levantou-se e acendeu uma cigarrilha junto da janela.
Após um momento de calmaria, no qual o olhar de Lenocínio percorria atentamente os olhares dos seus colegas fixados na figura geométrica, André Lazarra decidiu manifestar-se. "Essa criança está morta" proferiu secamente antes de retomar o trabalho sobre a sua secretária. "Que hás dito?... Sou eu, Lenocínio, aquando do meu quinto aniversário! Não poderia portanto estar morta esta criança que vedes". Lazarra iniciou uma extensa mas concisa linha de questionamento: "Lembras-te, Lenocínio, desse momento específico que o papel retrata?", "Não", "Tens alguma memória viva dos tempos dos teus quatro, cinco, seis anos?", 'não' de novo, "As tuas ideias são as mesmas, as tuas capacidades iguais e as vontades semelhantes àquelas desta criança?". Certamente que não. Lazarra concluiu. "A Criança está morta, foi espezinhada pelo tempo, como um dia todos seremos, e pela vontade constante do ser humano de se melhorar e transcender a sua condição mísera, ainda que o tenha feito de forma inconsciente, tal e qual um instinto, ou natureza. Olhando para o teu pai, que presumo tenha tirado essa fotografia embora nem tu o saibas, ó Baptista, indagas-te o que segura ele nas mãos e depois porque razão não és tu o seu detentor. A Criança toma rapidamente conhecimento do seu estatuto e depressa deseja efectivamente ser adulta, ocupar um cargo que não é ainda o seu, uma atitude que se prolonga ainda quando este desejo e a sua impossibilidade são conscientemente aceites pelo sujeito. Essa criança, ó Lenocínio, jaz no túmulo que é essa fotografia. Tão deitada está!, tão corroborada está a sua condição (Lazarra levanta-se da secretária, olha Lenocínio nos olhos e gesticula com o indicador) que já nem o seu relevo se denota no papel que a imortaliza!, salvo seja".
Sem palavras Lenocínio retraiu-se, olhando o chão de madeira esburacado. No escritório ouviu-se a porta a bater com um estrondo, um baque que não só almejou abanar as vigas do edifício como também as da empresa.
Quando o dia de trabalho foi dado por terminado, eram duas horas da tarde, encontrámos a besta quadrada de Lenocínio enterrada num contentor de obras, já poeirento. Retirámo-lo do entulho e o nosso Consultor Linguístico decidiu pendurá-lo na parede do escritório durante um tempo indeterminado, não com o intuito de pedir desculpa a Lenocínio, mas de revelar também um interesse no lado sentimental da vida, sempre ligado ao seu lado negro, assim confortando Lenocínio, mas não apagando as palavras permanentes que lhe incutiu.
Lenocínio, compreensivelmente, ainda não regressou ao Beco do Julião. Não oficialmente, posto que, de quando em vez, pela calada para lá leva meninas de reduzida reputação e debaixo de uma mesa ou outra pernoita.


César Editoras