sexta-feira, 29 de abril de 2016

A Visita

No passado fim-de-semana visitei com o Lazarra uma exposição de uma senhora mais velha que posso considerar relativamente chegada. Talvez não tenham sido a insegurança, a necessidade ou a experiência as autoras deste convite.
Assim, desembaraçados, decidimos responder com amabilidade à formal abordagem, descartando a confirmação e aparecendo de rompante.
Para nossa agradável surpresa, mas apenas no momento inicial, muitas eram as pessoas que já na simples galeria deambulavam. Agradável e efémera, dado que tanto seria bom que ninguém tivesse aparecido, de forma a podermos observar em primeira mão o fracasso desta exposição ou que muitos visitantes tivessem estado presentes, como fora o caso, para podermos passar despercebidos e não nos sentirmos obrigados a interagir com a anfitriã em demasia.
Mas esta última convencional situação social seria necessariamente a primeira, posto que mais ninguém conhecíamos desta mesma forma e, assim sendo, a vasta maioria demográfica seria voluntariamente ignorada. Cumprimentos desajeitados e relutantes, elogios superficiais e mentiras piedosas. Afastámo-nos.

Depressa estávamos diante do primeiro quadro, sozinho e abandonado, como todos os outros quando não eram observados custosamente durante uns merecidos segundos.
Um breve silêncio intercalou-nos.
Na César Editoras discutimos já aqueles indivíduos que transformam um Hobby numa profissão, porque o tempo e o dinheiro de um terceiro os permite. Geralmente não conhecem as dificuldades de um verdadeiro artista que não recebe comentários do estilo "giríssimo", e na sua maioria pessoas desta gama dedicam-se às artes plásticas e à pintura, ou a ambas quando não sabem realmente o que fazem. Infelizmente a situação é alimentada pela cultura ignóbil dos seus amigos, que a suportam, sentindo que de algo fazem parte, incapazes de analisar criticamente o que é exposto nas paredes, em seu seu detrimento vendo sempre a cara do seu criador na tela suja. Aquele capaz de entender a vergonha na qual está inserido não pode deixar de se limitar ao pensamento e à conspiração sigilosa, posto que o acto de se chegar à frente e denunciar a maioria seria recebido por esta com uma manifestação de incredulidade e repreensão geral, apoiada consecutivamente após a opinião dos outros ter sido previamente exibida e o caminho se encontrar livre para o olhar de espanto.

Eu e o Lazarra enquadramo-nos neste grupo silencioso, que se limita a agir no seu próprio interesse e procura constantemente uma oportunidade onde a intervenção se justifique. Este talvez seja um desses momentos, isto é, este texto.

Após o silêncio, que de constrangedor nada teve, Lazarra tomou a palavra. "Será isto arte?", perguntou. "Talvez não nos caiba decidir", respondi, adiantando "Talvez a sua arte seja extremamente subjectiva e passageira, facilmente esquecível, mas nós, homens de bom senso, podemos na sua obra disparatada encontrar razões para discutir estes temas. Porventura a sua arte será, a nosso ver, originar estes momentos de discussão e. desse modo, a nossa vinda não se reduz à necessidade de espelhar as boas maneiras que os nossos pais nos incutiram". Mergulhado no mais profundo pensamento Lazarra sugeriu que nos dirigíssemos ao quadro seguinte não fosse a anfitriã, que a uma galinha se assemelhava pelo andar aleatório e carente, indagar-nos porque razão nos prendíamos àquele quadro em específico.

Este novo quadro, de baixa riqueza e esforço, talvez simbolizasse a necessidade fisiológica mais escura do ser humano. Uma pincelada inconsequente preenchia a tela branca, guarnecida pela seguinte legenda: "A vida". Será a nossa vida uma pincelada inconsequente de um ser supremo? Não. Deparados com uma curiosa visão fora daquilo para o qual viemos preparados fomos forçados a abordar a ilustre e desocupada artista. Esta, sorridente (demais), explicou-nos que "a vida" referia-se à sua, a pintura, e que esta poderia ser qualquer coisa, qualquer expressão é legítima. Para nós, e tendo em conta a valente sangue-suga que o seu marido tem agarrada à sua pélvis, esta explicação é semelhante àquela famosa frase "A música é a minha vida". Errado, Tatiana, a tua vida, antes de se tornar dependente do AIDS, é despachar o meu pedido, antes que as batatas arrefeçam.

Não há mais a adiantar, senão aquilo que já várias vezes defendemos: A superficialidade rege a nossa sociedade e o seu jugo não terá fim.
O nosso aborrecimento perante estas manifestações ridículas daquilo que é considerada a cultura em Portugal é claro.


César Editoras



segunda-feira, 11 de abril de 2016

Sobre o Disco de Páscoa

Ora, a Páscoa já no canto do olho é vislumbrada.

Quando previmos a existência de um disco de Páscoa sabíamos que um disco iria inevitavelmente ser feito, mas a temática do mesmo poderia flutuar, e deste modo o seu tema evoluiu.

Um disco irá efectivamente sair, mas no princípio do Outono, finais de Setembro, cujo tema é Deus e o Cristianismo, contando igualmente com a participação de grande parte dos membros da César Editoras.

Em breve nos iremos prolongar sobre este novo trabalho, avançando boas-novas e, quiçá, talvez Outono possa chegar mais cedo.


Lenocínio Baptista, advogado estagiário

sexta-feira, 8 de abril de 2016

César Editoras retirar-se-á do Instagram

Dentro de poucos dias a César Editoras irá demover-se da rede social. Um aviso será dado, na rede social, para a contagem decrescente de 4 dias entrar em vigor. Esses dias de inactividade serão dedicados ao luto e a um último vislumbrar daquilo que até agora temos vindo a desenvolver.

Como o leitor atento poderá ter reparado, recentemente a César Editoras tem vindo a abrandar o ritmo da sua actividade, sendo por vezes necessário esperar uma semana antes que algo novo saia. Mas muitas vezes esse algo novo é apenas novo e não engraçado ou interessante, pois é lançado com a pressa de manter intacta a nossa pontualidade, por assim dizer, e com o desagrado de o fazer a contragosto, dado que agora a fotografia é uma obrigação e não um acto voluntário. Assim explicamos os nossos recentes desleixos.

Mas o nosso crescente interesse não é a razão única da nossa decisão. Aquando do nosso começo nesta aventura víamos o Instagram como uma forma de expandir a empresa e chegar mais frequentemente e de forma diferente ao nosso caro leitor, e a rede social era compaginável com as políticas e valores defendidos pela empresa. Mas nos últimos tempos muito tempo foi dedicado a sucessivas e contínuas análises da nossa presença na referida plataforma. Faria sentido? "Seríamos hipócritas se lá continuássemos", disse Lazarra. Mas porque razão?
Recorremos de novo à citação e ao nosso separatista primordial, André Lazarra:

"O que é o Instagram? Qual o seu objectivo, na generalidade dos casos, e porque nos associaríamos a este cria correntes? O Instagram é a África das redes sociais, criador de doenças como a Selfie, o Selfie-Stick, o Hashtag e a repreensível e inconsequente superficialidade egocêntrica que emana das fotografias e nos embate na cara. Porque colocar uma fotografia nesta rede não possui um objectivo claro, quando esta não é informativa, senão a pura e não assumida auto-glorificação! Qual a razão daquela fotografia, no Empire State Building, na qual apenas aparece uma sujeita de 18 anos, legendada com a óbvia frase "X in New York"? Não podemos ou seremos todos celebridades! "Olhem para mim" seria uma descrição mais do que adequada para 80% das fotografias diariamente inseridas neste ninho do egocentrismo e superficialidade cancerígena, para o qual pessoas passam demasiado tempo a olhar. Não há vergonha nem alicerces robustos que impeçam as pessoas de se fazerem de tontos e de se tornar capazes de avaliar as suas acções imparcialmente. Olhai para as vossas fotografias de quando éreis bebé, olhai-as durante uns valentes dez segundos ininterruptos e concentrados, e perguntem-se qual foi a razão que vos levou a tomar esta iniciativa, exceptuando a angariação de comentários do tipo "que querido que eras". Isso! Espetem-me na cara quão bonito sois!
Tendo sempre percorrido o caminho informativo, a César Editoras não se identifica hoje com estes valores que se tornaram excessivamente presentes, havendo já muitas vezes criticado a geração que baseia as suas acções apenas naquilo que o outro irá pensar, sacrificando as suas verdadeiras pretensões. Assim sendo, nos retiramos.

Mas não se preocupe, as fotografias e textos serão guardados com prontidão e provavelmente disponibilizados mais tarde.
Relembre-se também que a política Instagrâmica César-Editoriana não foi desvirtuada com esta acção, dado que o nosso rumo é passível de ser enquadrado num bloco já extenso das nossas polémicas acções. Esta é apenas uma nova, embora seja a final.
Mantemos ainda assim uma boa relação com o as restantes redes sociais nas quais nos incluímos, dado que a vertente que adoptamos se mantém fulcral na nossa interacção com o leitor.



César Editoras

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O Dia das Mentiras, O Dia das Verdades

Hoje e nas próximas repetições do dia 1 de Abril utilize a data para, com um sorriso pouco pronunciado e dúbio, dizer alguma coisa a alguém da qual se envergonha bastante e escapulindo-se, se puder, imediatamente a seguir, deixando assim o receptor da sua mensagem em dúvida, mas crendo que aquilo que lhe foi dito não passava de uma mentira, que mais tarde se revelará verdadeira, aquando do retorno do assunto e da sua célebre frase "Eu já te havia dito", que incendiará uma conversa acesa que você conseguiu adiar para uma data à partida indefinida, mas que lhe garantiu algum tempo sem o peso que em cima a esmagava, que poderá usar de modo a encontrar formas de lidar com o regresso do tema e subsequente rixa, uma garantia da qual agora falámos, saindo assim ainda mais beneficiada, visto que a conversa será manuseada com a experiência dos cenários que anteriormente havia colocado na sua cabeça, capazes de prever a reacção da pessoa que se dignou a trair e corromper com as suas manhas e cobardias, contra-balanceadas com o génio oferecido por nós, ilustrado na forma de como contornou a situação que a impedia de gozar de um tempo sem preocupações ou ansiedades, aquelas que a motivaram a buscar auxílio no nosso site, aquele do qual desconhece o porquê de lá ter ido parar, tais eram as ânsias e stresses que a sua vida desconfortável, nomeadamente o seu fardo excessivo, lhe proporcionou, ao ponto de explorar todos os cantos da Internet em busca da solução e, sem a encontrar, ter decidido usar a nossa, que de nada tem de errado a nível prático, apenas moral, tendo em conta que podemos, ou não, estar a intrometer-nos numa vida que não é nossa e numa amizade longa e bem alicerçada capaz de ruir à conta das nossas acções terem utilizado o estado emocional da primeira pessoa de forma inconsequente e sem contrapartida para o conselheiro, que apenas viu no jogo emocional uma saída para o mundo, um que desconhece, porquanto não sabe quem lê, apenas se se lê.